Personagem Em Loop: Arthur Morgan – A Redenção de um Homem Perdido
Alguns personagens nos marcam pela grandiosidade. Outros, pela dor. E há aqueles que nos marcam porque são humanos demais. Arthur Morgan não é um herói. Não é vilão. Ele é só um homem tentando entender, tarde demais, quem realmente é.
PERSONAGEM EM LOOP
Guilherme Benites
7/29/20253 min ler


Arthur começa como o braço direito de Dutch van der Linde. Leal até a cegueira, implacável no que faz, convencido de que o mundo lá fora é o inimigo. Ele é a mão pesada do caos, mas com uma escrita bonita em seu diário — e esse contraste já diz muito.
No início, ele parece apenas mais um fora-da-lei endurecido pela vida, moldado pela violência. Mas quanto mais o jogador observa, mais percebe que há algo sufocado ali. Uma bondade esquecida. Uma dúvida crescente. Um coração que ainda pulsa, mesmo enterrado sob cinismo e pólvora.
Em Red Dead Redemption 2, a Rockstar não nos entrega um protagonista perfeito. Ela nos dá um espelho rachado — com partes de honra, fúria, sarcasmo e arrependimento. E é exatamente por isso que Arthur merece um espaço no nosso quadro Personagem Em Loop.
A Sombra da Gangue, o Silêncio do Homem


Quando a tuberculose entra em cena, Arthur muda. E não porque se torna fraco — mas porque o tempo passa a ter peso. Ele não é mais eterno. Seus dias são contados. Suas ações começam a significar mais. E o que antes era rotina agora vira urgência: proteger quem merece, salvar o pouco de bom que restou, fazer algo que valha a pena.
A grande virada de Arthur não é física. É interna. O homem que antes executava ordens sem pensar, começa a questionar tudo. Inclusive a si mesmo.
“Eu só quero ter certeza de que eu fiz o suficiente... que fui bom o bastante.”
Essa frase resume o conflito de Arthur. Não se trata mais de fugir da lei, mas de fugir da própria culpa. De olhar pra trás e perceber que talvez tenha desperdiçado uma vida inteira servindo a um ideal quebrado.
A Doença e o Despertar
Entre o Dever e a Consciência
Arthur é, talvez, um dos personagens mais dolorosamente reais dos games. Porque ele representa todos que demoraram demais para mudar. Que perceberam tarde demais o valor das pessoas ao redor. Que olharam para si e se perguntaram: “É isso que eu sou?”
E a resposta vem em atos. Ele pode se redimir. Ele pode proteger John. Pode salvar Abigail. Pode ser um guia para o jovem Jack. Pode, enfim, escolher algo que não seja ele mesmo.
E o mais bonito — e trágico — é que Arthur não pede perdão. Ele simplesmente age diferente. Não por glória. Mas porque é o certo.
O Legado Que Fica
Arthur Morgan morre de forma inevitável. Mas seu impacto continua. Ele não é lembrado como o pistoleiro mais rápido, nem como o bandido mais cruel. Ele é lembrado — por quem importa — como alguém que tentou. Alguém que mudou. Alguém que, mesmo condenado, fez algo bom.
E para nós, que o acompanhamos por dezenas de horas, a sensação é quase a de perder um velho amigo. Um que aprendemos a amar pelas falhas, pelas frases secas cheias de peso, pelos momentos em que ele apenas senta ao pôr do sol e desenha.




Porque ele é sobre transformação. Sobre o tempo que temos e o que fazemos com ele. Porque sua história nos lembra que nunca é tarde para mudar, mesmo que não dê tempo de ver o resultado.
Arthur Morgan nos emociona porque é falho, intenso, humano. Porque ele caiu muitas vezes, mas se levantou quando mais importava.
Arthur é uma das provas definitivas de que videogames podem contar histórias poderosas, profundas e inesquecíveis. Um personagem que nos faz olhar pra dentro, refletir, e sentir saudade.
Por Que Arthur Fica Em Loop?
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